Um minúsculo furo no cano de água sobre a lage da casa exatamente em cima da minha sala, provocou um transtorno por aqui nas últimas horas. Tivemos que colocar baldes e panos para capturar a água que começou a vazar pelos furos das lâmpadas, escorrendo pelos lustres. Em pouco tempo, o gesso que reveste o teto do pequeno escritório, onde eu passo a maior parte do tempo, ficou todo comprometido.
Moro nesta casa desde que meu filho nasceu, há 23 anos, e estou acostumada com os goteiramentos. Quando não é um cano, como agora, é uma torneira, uma válvula, um chuveiro pingando. A última tinha sido um defeito na boia da caixa d'água, que fez escorrer água pelo quintal uns três meses...
Li certa vez que vazamentos de água são causados por emoções represadas. Não sei fazer uma conexão racional sobre isso, mas sei o quanto nós travamos lutas, às vezes insanas, para manter as emoções sob controle. Será mesmo verdade que nossas torneiras vazam por desejos não realizados, sentimentos não expressos, raivas contidas, decepções engavetadas, guardadas nos baús da memória?
Não sei, mas aqui em casa, basta um buraquinho e lá vem o aguaceiro. São comportas frágeis, que tornaram-se vulneráveis frente aos desgastes do tempo.
Acho que eu deveria aprender a deixar fluir naturalmente as águas da emoção, mas manifestá-las significa exposição, desnudamento, para os quais nem sempre estou preparada. Parece mais fácil reparar os furos a cada novo vazamento.
Pena não ter seguro contra isso. Tudo podia ficar mais fácil se a gente pudesse reparar os furos com a facilidade com que o encanador resolveu o problema aqui de casa.
:)
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