Oi F., tudo bem?
Estava esperando o resultado final da seleção do doutorado para mandar notícias. Nao entrei. Cheguei a fazer a entrevista, mas ainda não foi desta vez. Estou bem chateada, como você pode imaginar, mas sei que não devo desanimar. Não há muito que eu possa fazer neste momento, exceto tentar manter o ritmo de leituras e pesquisas. O projeto que apresentei nao era de fato algo que eu acreditasse muito e nem me empolgava de maneira significativa. Assim, espero até a próxima seleção encontrar um novo tema e definição sobre algo para estudar que realmente faça sentido para mim.
E você, tudo bem, tem conseguido produzir, em paz consigo mesmo? Sim, eu acredito que esse seja um estado possível, apesar de tudo que tenhamos que passar, enfrentar, viver.
Nao sei quando volto à sua cidade, não tenho qualquer perspectiva neste momento, nem vontade, para ser sincera. Como tambem não estou a fim de ir para qualquer lugar, apesar de toda a liberdade que conquistei. Engraçado, não é? Diferente da maioria, que parece ansiar por libertar-se, eu não quero sair do lugar onde me encontro. Talvez seja porque minha vida aqui segue sem sobressaltos. Tenho uma rotina tranquila, de exercícios, comida mais ou menos saudável, tempo para pensar, nao fazer nada, sonhar.
Estou escrevendo um pouco e aproveito para convidá-lo a ler. Os textos nao têm pretensão jornalística ou literária, sao "exteriorizações de sentimentos", como definiu um ex-professor; pequenas histórias sobre aventuras vividas, impressões. Gostaria de acreditar que esses escritos fossem a semente para um projeto mais ambicioso, de escrever profissionalmente ou no mínimo de alcançar alguma notoriedade por meio deles. Mas, apesar de alguns elogios, sei das minhas profundas limitações, desconheco conceitos, nada sei de filosofia, sequer consigo definir com clareza sentimentos. Nada, nada eu sei. Meu arsenal é feito de vida oscilante, entre encontrar um lugar no mundo e erros.
Vi uma foto sua no FB e fiquei muito contente. Sempre acho que não demonstro suficiente amor nas ocasiões em que estou com os amigos, impressão que posso ter deixado no nosso último encontro, naquele restaurante japonês. Aquele foi um episódio de uma situação que talvez um dia possamos conversar, mas que espero não tenha afetado nossa relação, já que tinha omitido o fato de que possuía alguma intimidade com E. Peço desculpas se produzi algum constrangimento.
Espero dentro de alguns meses estar refeita das últimas perdas, da chateação deste momento (o resultado saiu na sexta) e de estar mais disposta a vida.
Assim que a alegria voltar a bater no meu coração, estarei aí batendo na sua porta.
Abraços, CV.
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